domingo, 8 de novembro de 2009

paralelos

Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.

Carl Jung

O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida.

Carl Sagan

Da Antigüidade ao cristianismo, passou-se de uma moral que era essencialmente uma busca de uma ética pessoal a uma moral como obediência a um sistema de regras. E se eu sei me interessar pela Antigüidade, é que, por toda uma série de razões a idéia de uma moral como obediência a um código de regras está em processo, presentemente, de desaparecimento; já desapareceu. E à essa ausência de moral, responde, deve responder, uma busca de uma estética da existência.

É necessário fazer uma distinção. Em primeiro lugar, creio, efetivamente, que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que se encontrar em qualquer lugar. Eu sou muito cético e muito hostil para com esta concepção de sujeito. Penso, ao contrário, que o sujeito se constitui por meio das práticas de assujeitamento, ou de uma maneira mais autônoma, através das práticas de liberação, de liberdade, como na Antigüidade, desde (bem entendido!) de um certo número de regras, estilos, convenções que se encontra no meio cultural.

Se não há um sujeito universal, não pode haver uma teoria da personalidade?


Se não há um sujeito universal, não há sociedade ideal, nem forma de família ideal?
Voltamos então a uma das perguntas da aula: O que é família? A resposta é que não existe mais um modelo de família, mas vários agrupamentos que podem ser chamados de família.
O que me lembra o livro de Carl Rogers "as novas formas do amor - o casamento e suas alternativas" no qual ele entrevista diversas pessoas que formaram famílias não-convencionais.

Se podemos relativizar a família, relativizar as teorias da personalidade, relativizar o sujeito, então devemos relativizar a escola e as formas de aprender.

O anti-édipo teria a ver com a idéia de não existir uma forma universal de sujeito?

escola

O sujeito seria um produto de uma sociedade que faz passar por naturais relações de poder que visam a manter a ordem estabelecidada, que privilegia alguns grupos. Aí entra a escola: uma instituição que participa da construção do sujeito: O bom aluno - bom cidadão, sente-se desse jeito, vista-se desse jeito, SEJA desse jeito:

O bom menino não faz xixi na cama
O bom menino não faz malcriação
O bom menino vai sempre à escola
E na escola aprende sempre a lição

O bom menino respeita os mais velhos
O bom menino não bate na irmãzinha
Papai do céu protege o bom menino
Que obedece sempre, sempre a mamãezinha

http://letras.terra.com.br/carequinha/379156/

Muita gente pensou isso não só na filosofia como nas artes:

We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.

Aí me lembrou outra questão: foucault tentou suicidio algumas vezes, deleuze se suicidou, é comum os artistas se drogarem. Será que não sabemos viver sem regras rígidas? Veja a situação de muitas crianças hoje: sem limites, sem educação, creçem e viram drogados, pitboys, soldados do tráfico, etc.
Será que sou fascista?
Será que se deixarmos a aluna sentar no chão (exemplo da colega na aula) estamos destruindo a sociedade?
Em algum lugar que não lembro, Guattari fala que deveria-se deixar os imigrantes falarem sua lingua natal, usar a bandeira do país de origem (algo assim). Acho isso inaceitável. Será que sou fascista?

Uma boa reposta, mas não estou covencido. Vide Bósnia, sérvia, croácia...

Então: pluralidade ou norma rígida?


"...Os burocratas da revolução e os funcionários da verdade."

Interpreto: Todo poder mente e faz o que for possível para se perpetuar. Seja capitalismo ou socialismo.


foucault morin

"...E pensar que o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis."
Lembra-me Edgar morin:


Junto com esse homem morrem os absolutismos: a razão absoluta, a objetividade absoluta, a verdade absoluta.

Faz algum sentido?

sem receitas


"Eu queria dizer, enfim, que qualquer coisa refletida e voluntária, como uma publicação, deveria tornar possível uma cultura homossexual, isto é, possibilitar os instrumentos para relações polimorfas, variáveis, individualmente moduladas. Mas a idéia de um programa e de proposições é perigosa. Desde que um programa se apresenta, ele faz lei, é uma proibição de inventar. Deveria haver uma inventividade própria de uma situação como a nossa e dessa vontade que os americanos chamam de comming out, isto é, de se manifestar. O programa deve ser vazio. É preciso cavar para mostrar como as coisas foram historicamente contingentes, por tal ou qual razão inteligíveis, mas não necessárias. É preciso fazer aparecer o inteligível sobre o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar que o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo?"


Neste texto foucault faz "apologia" do homossexualismo. Como a garota da xerox que faz monografias sob encomenda justifica que às vezes a pessoa não tem tempo, mas é um bom profissional. Se arriscarmos uma "psicanálise selvagem", diríamos que sua filosofia é uma tentativa de justificar sua homossexualidade, mas aí estaríamos supondo um sujeito freudiano, que ele nega e se entendi direito guattari e deleuze também (?)

"Libere a ação política de toda a forma de paranóia unitária e totalizante"

Esta frase parece remeter ao conceito de que não existe uma individualidade, ou um sujeito, como para as diferentes escolas de psicologia (?) (...é preciso "desindividualizar" pela multiplicação e pelo deslocamento). Pelo menos foi o que entendi dos textos dele que li na internet.